segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Operação – Liderança

Para o General Peter Schoomaker, são necessárias “soluções criativas em circunstancias ambíguas” para as novas crises e conflitos mundiais. Em sua visão, o recrutamento e treinamento de um novo tipo de “guerreiro diplomata” - pronto para o combate - resolveriam o problema.
Convencionalmente as unidades militares seguem uma estrutura hierárquica rígida onde os que estão no topo da pirâmide militar ordenam e seus inferiores obedecem, executando as ordens sem qualquer questionamento.
Mas, de acordo com o General Peter Schoomaker, 53, comandante do Comando de Operações Especiais dos Estados Unidos, esse é um modelo obsoleto, ineficiente e perigoso para os líderes e seus liderados. As organizações de qualquer tipo que terão sucesso no futuro serão as com a marca “soluções criativas em circunstancias ambíguas”, diz Schoomaker. “Todos deverão saber como ser um líder”.
Mais que um líder, Schoomaker entende os desafios de uma mudança e suas adaptações. O fim da Guerra Fria marcou o início de uma nova era para o Comando das Forças Especiais (SOF) e a necessidade de uma revolução nas suas missões, identidades e práticas. Antes, eram encarregados das mais complexas e clandestinas missões.
Com o colapso da União Soviética, veio a necessidade das Forças Especiais se reinventarem. “Nós sabemos que vamos ter uma quantidade menor de guerras, mas maior de conflitos”, diz Schoomaker. “Há uma dificuldade entre as definições de ‘guerra’ e ‘paz’, ‘nacionais’ e ‘não nacionais’, ‘econômica’ e ‘militar’. Temos de ser capazes de prosperar no meio de toda esse incerteza”.
Um exemplo foi em 1991, quando as Forças Especiais tiveram de apoiar militares iraquianos e os refugiados que eram contra Saddam Hussein na fronteira turco-iraquiana. Centenas de milhares morreram de frio e fome. Foi realizada uma avaliação no local onde se encontravam os refugiados para verificar suas condições. Em pouco tempo, a equipe tinha realizado a missão e solucionado o problema, criando um gasoduto para o transporte de água potável, distribuindo alimentos com a ajuda dos curdos e com a ajuda de voluntários humanitários, moveram clínicas para dentro do campo.
Por causa do tamanho e importância dessas atribuições, os times de Forças Armadas não podem consistir mais de apenas um punhado de pessoas. Os líderes do SOF enfrentam o desafio de selecionar, treinar e desenvolver essas unidades. Isso gera grandes questões:
- Como criar times de pessoas que são capazes de entregar resultados a qualquer hora e em qualquer lugar?
- Como criar uma organização de 46 mil membros sendo que todos devem ser hábeis para salvar vidas de civis como são (quando necessário) para tirar a vida de inimigos?
Os princípios e práticas do General Schoomaker e de vários outros líderes das Forças Armadas fornecem um sofisticado arsenal de testes e métodos de ensinos. O resultado é uma nova versão da antiga organização militar com líderes militares que operam em todos os níveis da organização.

Foco Em Sua Missão, Defina Sua Identidade

Segundo Schoomaker, a missão mudou e eles têm de se adaptar a essas mudanças, desenvolvendo habilidades para cumprir suas missões.
Hoje, os membros das Forças Armadas se enxergam como “guerreiros diplomatas” e “profissionais tranqüilos”. “Quando a guerra acabava, voltávamos para casa, tínhamos uma parada e já voltávamos para o estado de prontidão. Hoje, operamos mais na tradição do Sun Tzu, que diz ‘A excelência da habilidade é subjugar o inimigo sem lutar’. Isso mostra o militarismo aberto para novas possibilidades. Existem 10 opções para você trazer a força do inimigo para fora. Nós precisamos utilizar a mais rápida e mais eficiente para executar da melhorar forma”, conta Schoomaker.

Escolha Das Pessoas Certas Para Construir o Time Certo

Com sua experiência, Schoomaker aprendeu nunca confundir o entusiasmo com a capacidade e ser capaz de fazer o que você diz poder fazer. “Se você é um General Eletricista e diz que vai criar uma ampola que queime por 100 anos, então sua ampola terá de queimar por 100 anos. Se você é das Forças Armadas e você diz que tem pessoas que conseguem realizar missões complexas que ninguém mais pode realizar, você tem de ter essas pessoas”.
“Se você consegue selecionar pessoas com probabilidade elevada de sucesso. Então, você tem que treinar, educar e avaliá-los constantemente. Você tem que manter a melhoria continua. Nós temos quatro verdades: os seres humanos são mais importantes que as máquinas; qualidade é melhor do que quantidade; o Comando das Operações Armadas não pode ser produzido em massa; o Comando das Operações Armadas não pode ser criado logo após uma crise. Essas verdades servem como guia de nossos pensamentos. São simples e nós repetimos sempre e sempre”.
“Nós colocamos pessoas em várias situações e vimos como agiam”, diz Downing, que ajudou na transformação do Comando das Operações Especiais. “Só porque era bom na velha missão não significa que seu desempenho na nova missão será aceitável. Quando encontramos pessoas que não se encaixam na nova missão, nós dispensámos essa pessoa”.

Para Ser Um Líder, Demonstre Liderança

Agora, Schoomaker passa seu tempo aperfeiçoando os métodos de seleção e melhorando os treinamento de capacidades. “A avaliação e seleção são importantes, pois são relativamente uma força pequena, e o investimento em nosso pessoal é maciço”, ele diz.
“Liderança é saber lidar com as mudanças. Conseguir que as pessoas façam algo que de outra forma não fariam”, diz Schoomaker.
“Nós colocamos as pessoas para passar por uma série de experiências onde eles demonstram se são capazes de exercer a liderança, resolver problemas complexos e como lidam com dilemas morais”.
“Para ver como um candidato lida com dilemas, nós vamos colocá-los em uma situação em que de repente, ligam para ele negociar com não combatentes: a vida de um dos membros do time pendurada em uma balança com a vida de dois não combatentes. Não existe resposta certa, mas queremos analisar a sua reação. Compreendem que o assassino é assassino em todas as circunstancias?”.
“Toda essa avaliação é realizada sob condições de estresse física e mental. Os candidatos são privados freqüentemente de alimento e sono, enquanto são avaliados por membros experimentos do Comando de Operações Especiais e por psicólogos”. Depois desse processo, o treinamento começa para aqueles que foram escolhidos.

Ensinar As Pessoas Como Pensar, Não o Que Pensar

“Nós precisamos de pessoas que podem ser lideradas em um mundo cada vez mais complicado, sutil e sofisticado”, diz Schoomaker. “Você não pode criar uma lista que diz, se acontecer isso, faça isso. Os processos não são lineares. Por isso, é necessário ensiná-los como pensar e não o que pensar”.
Para criar líderes com habilidade para resolver problemas, o Comando de Operações Especiais investe constantemente no desenvolvimento de pessoas. Cada soldado pode ter uma experiência diferente, mas os objetivos e os métodos de treinamento são sempre o mesmo para todos os casos.
“Nós deixamos bem claro que o objetivo da força é suportar os interesses dos Estados Unidos pelo mundo, e somos absolutamente claros em relação aos nossos padrões éticos”.

O Valor Mantém a União

De acordo com Schoomaker, ele e os outros líderes compartilham seus valores e desafiam seus subordinados a criar novos valores. Algumas dessas regras são:
- Tome a iniciativa. Não espere a resposta de seus superiores, pois eles raramente estarão disponíveis.
- As coisas são raramente justas. Não conte com a exceção.
- O primeiro relato sempre é suspeito.
- Espere o inesperado: antecipe-se e prepare-se.
- Planeje-se e prepare-se como se as regras não existissem.

Ação é o Caminho Para Aprendizagem

“Você tem que criar um ambiente em que não tem problema ocorrer erros. Negligência, mau comportamento e desobediência, por exemplo, não são erros. Mas se você estiver tentando seguir o que foi pedido e tenta tomar as decisões da melhor forma e mesmo assim, tudo está errado, não há problema. Você tem que aprender com os erros e seu comandante também”.

Faça De Todos Um Professor

Provavelmente, o maior desafio de Schoomaker e as Forças Armadas sejam redefinir a liderança e heroísmo no contexto da nova organização. Antigamente, os heróis eram admirados pela sua coragem em arriscar suas próprias vidas. Agora, os heróis são líderes. Hoje, a SOF avalia seus líderes, observando o quanto suas tropas estão sendo treinadas, inspiradas e desenvolvidas. A eficiência de um líder é medida através do desempenho de sua unidade quando ele está ausente.

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